domingo, 30 de agosto de 2009

Justiça Popularucha



Deixo-vos um artigo, retirado do Jornal Público, que evidencia uma imagem (causa) de todo este corolário. Façam as vossas reflexões.

"Vamos todos linchar Isaltino e celebrar. A Pátria está livre. Ou, se calhar, não.
A condenação de Isaltino Morais está a animar os moralistas.
Toda a gente sabia que Isaltino era culpado, só falta o tribunal concluir em conformidade. Assim foi. Está feita Justiça. E agora, o homem que não se atreva a concorrer a Oeiras, é uma falta de vergonha.
No Público , Pinto Monteiro, o Procurador, veio a correr garantir que "como se vai comprovando, a justiça funciona e o sentimento de impunidade que existia em certos sectores está a acabar". Obviamente, em Felgueiras, sobre Pinto da Costa e mais uns tantos casos em que o Ministério Público levou sopa dos tribunais, Pinto Monteiro fica mudo em quedo. Mas agora não, agora festeja.
Compreende-se a excitação, mas é lamentável. A Justiça popular tem a enorme vantagem de ser simples e simplista. Por isso é popular. Mas a gente responsável pede-se um bocadinho de nada mais.
Em primeiro lugar, só na cabeça do Procurador é que um qualquer sentimento de impunidade está a acabar. Em segundo, aquilo porque Isaltino é condenado é uma parte ínfima da barulheira que se fez. E em terceiro lugar, ainda bem que Isaltino se recandidata. O país não precisa de leis que o salvem de si mesmo, precisa de cidadãos com consciência crítica. Uma lei, ou uma recomendação geral, para que candidatos com processo na Justiça não sejam candidatos é um estatuto de menoridade passado a todos.
Se um eleitor de Oeiras não é capaz de decidir, face ao que sabe, se quer Isaltino, ou não, mais valia não ter voto, sequer. Ou então tem e tem o que merece.
Grave, grave em tudo isto é pensar que se a dita lei existisse e Isaltino fosse considerado inocente, teria estado uma catrefada de anos impedido de concorrer se nenhuma razão. O linchamento é divertido, mas é pouco aconselhável em Estados civilizados.
Só para esclarecer, se vivesse em Oeiras não votava em Isaltino.

Por Henrique Burnay in publico.pt, 4 de Agosto de 2009 "

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