domingo, 30 de agosto de 2009

(cont.)O Bode expiatória da [in]justiça portuguesa ( II )


Não posso também deixar de ler, não nas entrelinhas, mas nas linhas mesmo, que esta juíza sofre de um certo egocentrismo pouco contido e muito mal escamoteado, quando tem a veleidade e o desplante de, tomando-se como se psicóloga fosse, fazer juízos de valores relativamente não a factos concretos, objectivos e pragmáticos, que é do que os tribunais se deveriam valer, mas a posturas relativamente a testemunhas que não conhece de lado nenhum e completamente descontextualizadas do ambiente em que se encontram inseridas, mesmo que se defenda ao referir que também “sopesou” este factor, variável completamente incontrolável durante um julgamento, sabendo nós psicólogos, que podemos induzir comportamentos nas pessoas, dependendo dos feedback’s que se oferecem.
Relativamente ao “titubear em certas afirmações”, ou se titubeia ou se afirma, porque ambas são exclusivas uma da outra, assim como o grau de convicção depende claramente da pessoa em questão, mas como “com papas e bolos se enganam os tolos”, acreditamos mais facilmente numa mentira dita com certeza, do que numa verdade dita de forma insegura.
E que dizer das “expressões faciais, manuseamento das mãos e reacções” para inferir da “ maior ou menor credibilidade” das testemunhas? É, de facto, a justiça no “seu melhor”!
Senhora juíza, os tribunais devem julgar factos concretos, reais e objectivos, não juízos de valor que são subjectivos e muito menos indicadores corporais, que eu, apesar da minha longa experiência profissional, ainda tenho alguma dificuldade em identificar, não obstante, fazer uma avaliação psicológica integrada: isto quer dizer que as pessoas fazem testes psicométricos, provas de interacção grupal - aqui sim em que se comportam nas suas mais autênticas características – e, entrevistas individuais com passagem de testes projectivos.
Gostaria ainda de acrescentar que é absolutamente aberrante perguntar às testemunhas se acham bem ou mal algumas decisões que os réus tomaram, porque voltamos ao início da questão que é a dos juízos de valor, mesmo que não sejam ilegais. A justiça tem de julgar, mas baseada em factos comprovados, porque é para isso que se fazem julgamentos!
Por último, confesso que não entendi aquela das “razões da ciência” misturada com conceitos vagos, pouco consistentes e desfasados…
Enfim, um acórdão que recomendo a leitura a todos e que reflecte bem o estado da justiça em Portugal. Deus nos livre da justiça e de tais juízes (justiceiros!).
Ana Paula Godinho Azevedo
Psicóloga

Sem comentários:

Enviar um comentário